Relicário – MARP Ribeirão Preto
A Partilha do processo artístico e crítico, por Juliana Monachesi
Ao ser convidada pelo Ação multiplicadora para uma colaboração como curadora no processo de trabalho do grupo, aceite imediatamente, tendo em vista a qualidade de seus projetos e a seriedade de suas pesquisas, mas ao mesmo tempo me preocupei em refletir sobre o papel do curador dentro de uma iniciativa coletiva de auto-gestão e auto-reflexão, que possui uma dinâmica própria e bastante orgânica, como pude perceber em uma reunião realizada para me inteirar das mais recentes etapas de pesquisa de cada um dos artistas que integram o grupo.
A Ação Multiplicadora é uma iniciativa de artistas residentes em São Paulo, com trajetórias diversas e atuações bastante diversificadas no que diz respeito a linguagens, suportes, procedimentos e temas da arte contemporânea.
No entanto, por ser uma premissa do grupo “possibilitar a convivência, articulações e movimentos de poéticas distintas; um agrupamento físico onde o transito estaria liberado para relatos, exposições e conexões, dando continuidade às reflexões (e buscando) ressonâncias e diversidades nos questionamentos da arte hoje, norteando um “sistema de partilha da ideia criadora”, conclui que não seria uma intrusa ao exercer junto ao grupo o papel de curadora para um projeto expositivo especifico.
Interessa-me na produção do grupo a expansão conceitual dos meios tradicionais, promovida, entretanto dentro do próprio meio, subversão contemporânea.
A proposta desta curadoria é trabalhar em conjunto com os artistas, discutindo os projetos e ideias coletivamente, para que o corpo de exposição, assim como o corpo das obras, tome forma de maneira contaminada pela troca entre o crítico de arte e pelo confronto de papeis e de posicionamentos em relação à arte. Curadoria partilhada.