O Banho, Corpo território - exploração n° 9
Performance filmada em vídeo é o trabalho de Patricia Gerber. A artista vai se lavando/sujando com terra e no decorrer da performance deixa cada vez mais clara a relação com a pintura. O corpo é um importante ponto de referência na obra. A vídeo instalação é montada com tvs enterradas na terra e captura o som registro da obra e o som do espaço expositivo.
Texto: Sesc Pompeia – Tripé Corpo.
O Banho, Corpo território, exploração n° 9, Vídeoperformance / Videoinstalação
(...) convidado para escrever sobre o trabalho de Patrícia Gerber, cada detalhe me interessa, talvez porque já estive nessa situação de observado, seja como “alvo” de trabalhos acadêmicos, do jornalismo ou de estudos de crítica genética. Ou talvez porque Patricia, como as demais participantes deste tripé vídeo, é de fato extremamente interessante no que propõe, na forma como executa sua obra e na sua presença marcante. Vejo que seu trabalho a contem: “Ação exploratória n.9” é uma obra-ação, nem tão performática, mas nitidamente ritualística, em que a artista se mostra nua, solitária, silenciosa, em ações quase-naturais, em um banho de lama negra.
Ela me conduz pelos detalhes detalhes técnicos, pelos bastidores da ação, pelos recursos técnicos, pelo que houve de solitário no ato, pelas convicções e intenções explicitas, e aos poucos percebo também as sugerida. As imagens dO Banho são vistas em tvs semi-enterradas em um grande volume de terra, formando uma rede de informações visuais e sonoras, conjugando elementos mais ou menos ‘matéricos’. Ao falar do som, noe enlevamos juntos: o som intimo e discreto do banheiro retratado se reverbera no falantes das tvs e granha comdestreza o espaço da instalação. Atraves de microfones que captam os pequenos e fracos falantes das tvs, o áudio é amplificado em outra escala, nem tanto pelo volume mas como preenchimento do espaço, de forma redistribuída, quase “escultural”.
Esse me parece ser um detalhe grandioso, pois a instalação se confirma como tal nem tanto pela terra espalhada pelo hall do Teatro do Sesc, em uma configuração típica de instalação, mas sim pela maneira como o trabalho faz reverberar para o além do matérico e do visível (o que ainda inclui o cheiro da terra) os pensamentos possíveis dO Banho ritual no espaço circundante.
Redistribuído, o som esgarça a intimidade, refaz a sutileza dos gestos, sugere imersão e expõe os silêncios internos exatamente através do ruído. Por esse viés, há um resquício de sensualidade, pelo que há de voyeristico no som, como a evocar presenças impregnadas de potencialidades imaginaria, mesmo que sem erotismo – muito remotamente remetendo a “SEEDBED” (1971) de Vito Acconci, caso buscássemos mais diretamente esse tipo de presença no trabalho (...)
Texto: Lucas Bambozzi, professor e artista plástico.